sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Uma Noite Só.




Uma noite não mais me senti só.

Me sentia só mesmo quando não estava.

E procurava nunca estar só.

Isso se foi... é libertador!

Não estou mais só porque tenho a mim.

E comigo, tenho todas as almas em uma só.

E só isso me basta.


terça-feira, 6 de agosto de 2013

Cinco Sentidos


Faz quase um ano que perdi um dos sentidos. Nesse mesmo tempo, o sentido das coisas se perdeu. Muito do que fazia todo sentido, hoje já não faz mais. Ás vezes sinto falta, ás vezes é a falta que sente. E assim vou-me indo com quatro sentidos, que na verdade, só servem pra algo se realmente prestarmos a atenção neles. Hoje, diferentemente de ontem, me sinto muito mais atento, mais presente e mais "ligado" do que quando tinha os cinco junto comigo.

Percebí aquilo que um deficiente visual ou auditivo percebe rápido: existe muito mais para se perceber, se conectar, do que os cinco sentidos conseguem captar. Outra coisa que faz todo o sentido é que eu estava desconectado, ouvia, via, cheirava, degustava e sentia na pele mas, nada conseguia penetrar no meu ser, eu era inantigível. Eu era um alienado, no sentido figurado, claro.

Nesse quase um ano, renasci, me reinventei, sobrevivi e paguei preços altos tanto na entrada como na saída. Custou caro estar "alienado", mas me custou muito caro sair desse alienação. Não percebia como estava, achava que estava tudo normal, eu tinha meus cinco sentidos perfeitos, a minha vida fazia todo o sentido. Tudo estava em seu lugar, aparentemente. Essa aparência é fatal. De aparências se perde uma vida, ou melhor, se perde os sentidos.

E junto com as aparências se foram também as certezas. O que foi muito bom, apesar de muito dolorido. Descobri que não existe certeza nenhuma em nada na vida, somente aquelas que criamos. Mas essas certezas que criamos são traiçoeiras, porque são falsas. E com o tempo, vão se tornando monstros que fatalmente, um dia, irão nos devorar. A única certeza que tenho agora, é que tudo que vive um dia morre e mais nada.

E com quatro sentidos vou vivendo e aprendendo. Aprendendo a realmente sentir as coisas, sentir a vida, sentir eu mesmo. Que os quatro que me restam fiquem comigo até o fim, e se não ficarem, que eu aprenda a sentir sem nenhum dos sentidos. O que cá entre nós, faz todo o sentido.