quarta-feira, 29 de maio de 2013

Por que Escrevo.


O coração aperta no peito,
E eu me sento e escrevo.
Os sentimentos afloram,
E as palavras brotam.
As emoções cintilam,
E as frases se juntam.
Assim me expresso,
E jogo no universo.
Tudo o que em mim está impresso.

terça-feira, 28 de maio de 2013

Simples e Intenso


Ser intenso.
Um contra senso.
Total falta de bom senso.
Viver tudo que penso.
Entregar-se sem arrependimento.
Amar com comprometimento.
Assim, simples e intenso.



quarta-feira, 22 de maio de 2013

Amanheceu




Hoje amanheceu.
E meu coração se entristeceu.
Das dores das coisas.
Da vida que aconteceu.

Sentimentos do meu eu,
que afloram, que afrontam.
De lembranças, de momentos.
De tristezas e alegrias que se foram.

Um encontro comigo mesmo.
Um acerto de contas, feridas abertas.
Que um dia hão de cicatrizar,
Assim como hei de me perdoar.




quinta-feira, 16 de maio de 2013

O Que Te Fazes Eterno.


Vivas e deixes viver.
Sem medos ou receios.
Sejas e deixes ser.
Tu mesmo.
Esqueças tudo que não és.
Sem máscaras ou rótulos.
Apenas o essencial.
Sentimentos e emoções.
Amores e dores.
São  o que te fazes eterno.

sexta-feira, 10 de maio de 2013

As Múltiplas Faces de um Homem.

                         Leonel Itaussu in memoriam


 Os seres humanos são complexos, múltiplos. Temos dentro de nós facetas diversas, que se manifestam diariamente em toda a nossa vida. Somos profissionais no ambiente de trabalho, amantes para nossas companheiras, filhos para nossos pais e assim por diante. É claro que a nossa personalidade e caráter se fazem presentes em cada papel que desempenhamos.

 Geralmente ao falarmos de alguém atribuímos-lhe alguns adjetivos que seriam os mais marcantes. As vezes nem isso, atribuímos à pessoa em questão aquilo que para nós se mostrou. Um grande professor, um pai exemplar, um frio assassino. Assim um  mesmo homem pode ser o algoz implacável de sua vitima e também um pai amoroso para sua filha.

 Quando um grande homem morre, vemos por todos os lados homenagens que descrevem principalmente os grandes feitos que tornaram sua existência importante para a sociedade. No caso do Prof. Leonel Itaussu são inúmeros livros publicados, discursos, ensaios e a participação direta em várias ocasiões da vida política e institucional do país desde meados dos anos 70, reconhecido pela ética, luta pelos direitos humanos, liberdade e coerência.

 Esse Leonel, grande, famoso, que muitos conheceram e conviveram que só traz um sentimento de orgulho para seus familiares representa um ângulo, uma faceta da sua pessoa. Talvez o seu lado mais conhecido e que o tornou muito famoso e reconhecido, legítimo mas não completo. Por tudo isso, quero apresentar a todos um Leonel que pertence a mim, aquele que foi meu sogro, amigo e avô dos meus filhos.

 O conheci, em meados de 1996, quando comecei a namorar a sua enteada , a quem sempre tratou como filha. Em 2002 se tornou meu sogro. A simpatia que nutria por ele era recíproca. Meu sogro era um ser humano intenso, que vivia cada momento com uma entrega impressionante. Tanto os bons quanto os maus momentos. Era capaz de gestos de extrema generosidade e gentileza, mas quando era desrespeitado ou ficava contrariado sabia deixar bem claro para todos seus sentimentos.

 Eu adorava visitá-lo. Era sempre um grande prazer conversar com ele. Um interlocutor fantástico, que gostava de conversar sobre tudo; literatura, a vida, artes, viagens e principalmente sobre política. Em nossas conversas não havia espaço para a prepotência. Gostava de ouvir as minhas opiniões e quando não estava de acordo argumentava, ouvia minha resposta e contra argumentava sempre com a paciência típica dos bons professores. Tinha um interesse genuíno pela minha vida pessoal, profissional e familiar.

 Quanto aos netos, três meninos meus filhos e uma menina, filha de sua outra enteada, era um avô fantástico. Apesar de não ter uma ligação de sangue com nenhum deles, era um avô legítimo, daqueles que desmarcam compromissos ou visitas de amigos para estar com eles. Tinha um amor incondicional por todos. Falava com orgulho de seus netos, nunca em nenhum momento e em nenhuma situação alguém o ouviu explicar ou dizer que eram filhos da suas enteadas. Eram seus netos e ponto final. Também nunca chamou suas três enteadas por este nome, eram suas filhas.

 Nunca esquecerei a ultima conversa  que tive com ele. Falou-me do seu novo projeto, escrever um livro sobre as relações de trabalho no mundo de hoje. Me perguntou sobre a minha recuperação de uma difícil cirurgia na cabeça e como estava a minha vida depois da recente separação de um casamento de dez anos.

 Disse a ele que estava me recuperando, tocando a vida para frente. Ele ficou feliz em ouvir minhas palavras, disse-me que poderia contar com ele sempre, para não perder contato e que a minha separação não mudava nada, que eu continuava sendo para ele o que sempre fui desde quando me conheceu, que seria sempre avô dos meus filhos e me desejava muito sucesso e felicidade.

 Para mim esse é Leonel Itaussu, um homem intenso, fiel aos seus princípios, simples,dedicado, empolgado com seu trabalho, com sua família e com a vida. Deixou em meu coração muitos exemplos, os quais levarei comigo por toda a vida. O maior de todos é a forma como viveu, com intensidade e apaixonado pela vida.







sexta-feira, 3 de maio de 2013

Seriam Todos os Homens Machistas?



 Os homens vivem uma relação ambígua com as mulheres. Nós as amamos, as desejamos, mas ao mesmo tempo, as tememos. Dentro de nossos corações existe aquele medo arraigado de sermos literalmente engolidos pelas mulheres, principalmente aquelas que amamos ou que nos apaixonamos. Talvez esse medo seja a verdadeira raiz da cultura machista.
 Eu fui criado rodeado de mulheres. Tenho uma irmã gêmea e outra mais nova. Meu pai trabalhava o dia inteiro só o via mesmo aos finais de semana. Minha mãe professora no período noturno ficava conosco todos os dias. Principalmente nos primeiros anos de vida, minha convivência diária era com elas, tinha uns amiguinhos vizinhos, mas elas tinham amiguinhas também então a casa sempre teve mais meninas do que meninos.
 Meu pai nunca foi um cara machista. Ele viveu toda a transformação dos anos sessenta, nunca fez distinção sobre homens e mulheres. Mas confesso que sua postura em relação a elas não teve tanto impacto em mim quanto a de minha mãe.
 Minha mãe também viveu toda a revolução feminista dos anos sessenta. Quando nasci tinha vinte e poucos anos, era professora, independente, sempre viveu em pé de igualdade com meu pai, financeiramente inclusive. Mas isso eu só pude ter consciência mais tarde. O que pegou mesmo foi o modo como ela me criou, e isso moldou minha forma de ver e me relacionar com as mulheres.
 Na minha casa nunca teve distinção entre eu e minhas irmãs. Aquelas coisas do tipo ele pode porque é homem, você é menina e tem que se comportar de uma forma diferente nunca existiu por parte de meus pais.
 Mais tarde já na adolescência a convivência com as minhas irmãs era muito próxima, tínhamos muitos amigos em comum e descobri uma vantagem em ter irmãs; as amigas, principalmente da minha irmã gêmea. E também nunca fui aquele irmão ciumento que não deixava as irmãs namorarem. Posso dizer então que realmente o universo feminino é bem próximo.
 Entretanto, o tal “medo de ser engolido” se fez presente com muita força já nas primeiras paixões e amores. Ficava aturdido e impressionado com o poder que as amadas tinham sobre mim.  Claro que a adolescência e a tenra juventude são fases da vida em que tudo ganha uma dimensão gigantesca, mas, acredito que esse poder que as mulheres têm sobre os homens nos deixa bem receosos e inseguros.
 Desse medo arraigado durante vários milênios é que se sustenta toda a tradição machista da sociedade, os abusos, a cultura de opressão e de falta de liberdades que ainda hoje persiste em vários países. Morremos de medo de perdê-las, de nos tornamos inúteis para elas, ainda mais nos dias de hoje em que o papel do homem na vida em sociedade e na família mudou radicalmente. Não somos mais os provedores da família e também somos chefiados por mulheres e isso nos coloca mais uma grande dúvida; qual é o nosso papel nesse mundo novo?
 Eu não me considero machista, mas já fui tachado de machista em várias situações, muitas delas(penso eu) pelos motivos errados, pois ser tachado de machista por alguma posição política e com argumentos não machistas é uma distorção. Eu sou um não machista pelo simples fato de ter praticamente erradicado o que considero a raiz do machismo.
 Digo praticamente porque como todo homem, lá no fundo da alma ainda resiste um cadinho de medo desse poder que elas tem. Quando ele aparece eu procuro sempre me lembrar de que o medo é uma das piores tragédias do ser humano e que eu tive o privilégio de ter a companhia de uma mulher, minha irmã gêmea, mesmo antes de nascer.