segunda-feira, 11 de agosto de 2014

Tudo o que não se pode deixar para trás.

Faz dois anos que comecei a viver mais leve. Fui deixando o peso das bagagens para trás. E eram tantas, mas tantas, que a minha viagem estava se tornando tão pesada, que estagnei. Havia parado no tempo e na vida. Confesso que comecei a me livrar dessa pesada bagagem por razões alheias à minha vontade. Mas não importa a razão, não importa de onde veio, se de fora ou de dentro, pois até saber isso é uma bagagem pesada para se carregar.

Não foi fácil, principalmente no início. Estamos tão acostumados a viajar com malas pesadas, que nos fazem sofrer mas nos dão um certo alívio em tê-las. Nos agarramos às bagagens por medo, insegurança ou até por um masoquismo intrínsico do ser humano. Mas hoje tenho consciência de que estava pesado demais para a minha jornada, mas sei também que ainda tenho algumas malas para me livrar.

Assim, as pesadas bagagens cheia de crenças, certezas, condicionamentos, sentimentos, mágoas e outras que nem sei o que são foram ficando para trás. Há dois anos, encarei a morte de frente. Estar aparentemente saudável, e descobrir a vulnerabilidade da vida em  uma doença silenciosa e fatal foi o inicio de um despertar. Me fez ver a vida como nunca tinha visto. Me descobri. E também descobri as pessoas que estavam ao meu lado.

Dessa perspectiva meu mundo mudou, meu pensamento mudou e fui mudando aos poucos. Passado o momento mais critico e tendo sucesso no tratamento, minha vida virou pelo avesso logo depois. A separação de um casamento de 10 anos foi sofrida, dolorida mas um grande aprendizado. Nesse momento estava deixando para trás um caminhão de mudança. Quilos de certezas, apegos, condicionamentos, sentimentos foram dolorosamente abandonados.

É engraçado como sofremos por deixar essas bagagens sem utilidade. Choramos para no próximo momento nos percebemos mais leves. E mais alegres também. A separação me fez ver que não somos donos de nada e de ninguém. E que ter algo ou alguém pode ser sinônimo de sofrimento. Amar sem ter, amar sem controlar. Amar por amar é o que há de mais real, e o melhor; não é bagagem e não pesa.

Descobri que não sou minhas crenças. Não sou minhas atitudes. Não sou o que faço ou deixei de fazer. Não sou o que tenho.Não sou o que penso ou sinto. Não sou o que construi. Não sou a minha personalidade. Tudo isso são bagagens pesadas que carregamos sem nenhum propósito.

Sou algo indefinível e infinito. Todos nós somos. Sou uma essência que transcende a realidade que me cerca. Crio a minha realidade através da minha mente e dos meus pensamentos. Viver intensamente é o que almejo. Sem bagagens para atrapalhar. Viver leve e plenamente. E nada carregar. A não ser o amor no coração. Pois isso é  tudo o que não se pode deixar para trás.

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